Alcoolismo nunca foi problema exclusivo dos adultos. Pode também acometer os adolescentes. Hoje, no Brasil, causa grande preocupação o fato de os jovens começarem a beber cada vez mais cedo e as meninas, a beber tanto ou mais que os meninos. Pior, ainda, é que certamente parte deles conviverá com a dependência do álcool no futuro. Para essa reviravolta em relação ao uso de álcool entre os adolescentes, que ocorreu bruscamente de uma geração para outra, concorreram diversos fatores de risco. O primeiro é que o consumo de bebida alcoólica é aceito e até estimulado pela sociedade. Pais que entram em pânico quando descobrem que o filho ou a filha fumou maconha ou tomou um comprimido de ecstasy numa festa, acham normal que eles bebam porque afinal todos bebem. Sem desprezar os fatores genéticos e emocionais que influem no consumo da bebida – o álcool reduz o nível de ansiedade e algumas pessoas estão mais propensas a desenvolver alcoolismo - a pressão do grupo de amigos, o sentimento de onipotência próprio da juventude, o custo baixo da bebida, a falta de controle na oferta e consumo dos produtos que contêm álcool, a ausência de limites sociais colaboram para que o primeiro contato com a bebida ocorra cada vez mais cedo. Não é raro o problema começar em casa, com a hesitação paterna na hora de permitir ou não que o adolescente faça uso do álcool ou com o mau exemplo que alguns pais dão vangloriando-se de serem capazes de beber uma garrafa de uísque ou dez cervejas num final de semana.Não se pode esquecer de que, em qualquer quantidade, o álcool é uma substância tóxica e que o metabolismo das pessoas mais jovens faz com que seus efeitos sejam potencializados. Não se pode esquecer também de que ele é responsável pelo aumento do número de acidentes e atos de violência, muitos deles fatais, a que se expõem os usuários. Proibir apenas que os adolescentes bebam não adianta. É preciso conversar com eles, expor-lhes a preocupação com sua saúde e segurança e deixar claro que não há acordo possível quanto ao uso e abuso do álcool, dentro ou fora de casa.

Nos EUA, a venda e o consumo de álcool é proibido para menores de 21 anos de idade. No entanto, o uso dessa substância por menores de idade é uma importante questão de saúde pública. Esse uso por menores de idade está associado com mortes prematuras por acidentes de carro, suicídios, brigas e agressões e prática de sexo desprotegido.
Segundo pesquisas realizadas nos EUA, mais da metade dos jovens de 17 anos relataram ter feito uso de álcool no mês anterior à entrevista ao passo que 30% desses jovens fizeram uso de 5 ou mais doses de álcool em uma ocasião.
Preocupados com essa questão, pesquisadores americanos buscaram avaliar o custo social do uso de álcool por menores de idade por meio da medição do impacto do uso de álcool nas esferas da saúde, do trabalho, da família, sobre a violência e sociedade como um todo. Para tal, foram levados em conta apenas os dados que tivessem relação direta com o uso de álcool no ano de 2001 nos EUA.
Estima-se que em um mês típico do ano de 2007, aproximadamente 13,2 milhões de americanos menores de idade consumiram álcool. Esse uso esteve associado com a morte de 3170 jovens e 2,6 milhões de acidentes no dado período.
No total, os autores estimaram em US$61,9 bilhões as perdas decorrentes do uso de álcool entre menores. Esses gastos vieram de custos médicos (US$5,4 bilhões), perda de produtividade (US$14,9 bilhões) e perda de qualidade de vida (US$41,6 bilhões).
Nota-se, desse modo, que o uso de álcool por menores de idade acarreta perdas custosas para a sociedade. Em especial essas perdas estão relacionadas com violência. Por fim os autores reforçam a necessidade de se combater o uso de álcool por menores de idade com medidas práticas e objetivas com o controle ao acesso de bebidas alcoólicas e o uso de bafômetros em ruas e estradas.